terça-feira, 23 de abril de 2013

Doidos




Meu bem,

Pra te explicar (sim, eu precisava te explicar...) eu procurei por muito tempo, algumas formas, jeitos e letras que fizessem o trabalho, mas nada era suficientemente vivo pra narrar teus dias na minha trama.
Eu te comparei, naquela conversa boba com um amiga, com o prazer de devorar uma barra inteira de chocolate. 
Pensei que a comparação era boa, já que eu devorava tua presença, teu cheiro e gosto e depois passava mal. 
Mas ela não me entendeu, porque afinal, ela não gosta de chocolate.

Tentei te mostrar nas músicas que tocavam nas rádios. 
Só podia ser uma zoação generalizada de todas as programações, porque de um jeito ou de outro, você sempre acabava aparecendo, nas entrelinhas e semitons, das mais lindas linhas e escalas. 
Era você ali, por trás, de todos os compositores do mundo. Era você cantado. 
Como ninguém te via, eu pensava que tinha enlouquecido e como todo louco que se preze, queria provar o contrário. 
Você estava ali sim, mas, só eu te enxergava e te ouvia, acho.

Procurei usar as histórias já contadas, dos amores desengonçados e desencontrados da literatura, mas como não tivemos um fim, eu me perdi entre os capítulos. E todo mundo, romântico ou não, sabe que nem o mais trágico dos contos amorosos foi contado pela metade. 
Logo, como não soubemos viver uma história, não tem a menor possibilidade de eu te contar numa delas.

E passaram dias, meses, anos e eu ainda não acredito nessa impossibilidade de te explicar. 
Partindo do princípio de que tudo, tem uma razão de ser e eu ainda não encontrei a nossa, eu fico confusa.
Vai ver que de repente a gente nem é, e talvez por isso, não tenho como traduzir nosso pseudo-encontro pela vida. 
Aí sim. 
Aí faz sentido ninguém te ver, onde só eu te vejo. 
Faz sentido, eu tentar te explicar pra todos e geral dizer que eu tô louca, que você não existe.
E se existiu, já morreu. Já era.

De repente, tô eu, entrando no ônibus das 18, concordando e aceitando o que todo mundo disse sobre a gente, convencida de que a tua existência foi projeção da minha mente.
Aí eu abro minha carteira e lá está aquela tua carta antiga, escrita numa caligrafia inconfundivelmente torta com uma foto tua grampeada, declarando que a gente era assim, uma eterna loucura.


Chupa mundo.







quarta-feira, 27 de março de 2013

Preguiça de gente.



Acho que é da gente mesmo, querer facilitar o jeito de viver, de achar que se entende, pra fingir que sabe se relacionar. Facilitar o pensamento. Encurtar conversas. Encolher neurônios. 
A gente tem uma natureza vadia de tapar o sol com a peneira, uma preguiça de buscar a verdade e de lidar com a essência bruta do outro.
A gente se reboca, passa um photoshop e let it be.
A parte de dentro é muito longe pra se chegar e já que estamos sempre atrasados, vamos ficar aqui na tona. À margem da vida.

Seja usando abreviações inimagináveis nas conversas virtuais, seja amontoando uma hashtag atrás da outra numa foto bonita, seja trocando “eu te amo” como quem troca um bom dia com o estranho que passa na rua, seja baixando mil aplicativos que nos aproximem da frieza dos teclados alheios.
Seja no internet banking. Seja no drive thru.
É lindo. É rápido. É moderno e convence nos primeiros 15 minutos. E pra quê precisamos de mais tempo, se as coisas têm durado, só 15 minutos mesmo?

Bem vindo a era Cult. A era Fast.

Agora a gente dá nome e endereço eletrônico pras dores. Baixa, de graça, a história que o outro gasta tempo e dinheiro pra escrever. A pessoa compõe, perde madrugadas produzindo, mas a gente prefere comprar qualquer pirataria  barata que as más línguas vendem aí na rua. Julga a puta e o santinho, batendo o martelo sobre a moral alheia na rodinha de amigos, pagando de Deus.
A gente anda é esquecendo que as verdades mais essenciais de cada um, não se encontram, por aí, compartilhadas. Só nós, somos autorizados a reproduzir a cópia fiel das nossas obras.
A gente anda é com preguiça de se interessar pelo que há dentro do coração. Pra que perder tempo em se aprofundar, se é tudo raso?
A verdade é que a gente é música, é fase, é dia-a-dia e choro guardado seguido de riso escancarado, e isso, os perfis não contam.

A gente, pra simplificar o rito,  personifica os sentidos alheios. Se riem, se choram, se casam ou separam, é culpa de alguém e nunca de algo.

Conclui apressadamente, que são sempre "pessoas" as causadoras dos delírios, sem se atentar muitas vezes, que o coração também se entrega às coisas,  aos momentos. 
Sem querer entender que as vezes são pássaros, noutras algumas tardes no mar. 
Que alegrias podem vir de fatos sem endereço, sem lenço, nem documento. E aí, quem esteve junto, na alegria ou na tristeza, vai ser lembrado pelo pacote, por ter a sorte de compor aquele retrato.


A gente usa números e estatísticas. Enumera beijos, amores, conta derrotas e tombos, sem saber que estes, são uma coisa só.

Sem saber que a vida é já e é só essa.

Que a vida é esse fio forte que liga um fato ao outro, que começa quando a gente nasce e termina, só quando se morre.
Que é uma mania muito indecente essa de querer fatiar esse intervalo. 
Contabilizar, dividir as coisas, pessoas e corações.

A gente cria regras e postulados sem lembrar, portanto, dos amores de verão que já subiram a serra e os príncipes loucos que contrariaram a história pra virarem sapos.

Eu tô com meu saco cheio de lidar com pequenices. Gente que aponta os outros pra se autoafirmar, que concorda só pra levar pra cama, que julga só por ser babaca mesmo.

Acho que é da gente mesmo, esse jeito tosco de viver. De perder em harmonia pra qualquer família de chimpanzés. É da gente, a façanha de inverter o mandamento e amar mais a gente do que o próximo. 

É da gente mesmo, não saber ser gente.



segunda-feira, 18 de março de 2013

Sobre Vênus e Marte





Eu queria tentar falar algo inteligente sobre a paixão das mulheres.

Essa coisa meio física, meio ilógica, essa natureza intensa de se doer ou se doar por quem nada tem nem a ver com a gente, nem com nossos delírios mais pessoais e muitas vezes, nada pra dar em troca.
Já procurei entender essa mania cansativa que é gostar de alguém e quase desisti porque a gente percebe que cada tentativa de compreensão é frustrada pelas milhões de maneiras da gente se descobrir apaixonada.

Objetos de desejo, são em regra, tão opostos, quanto samba e rock.

As vezes eu penso que é o beijo que manda a mensagem pro coração apaixonar, noutras o sapato, a roupa, outras ainda, o jeito de sorrir.
Mas em outros momentos eu percebo tanta confusão causada pelo safado do coração que fico sem resposta, afinal a gente vive se traindo quando se imagina no altar com o moço que usa sapatênis, quando sonha dois filhos com o menino que não sabe beijar e planeja envelhecer ao lado do carinha que não conhece sua banda favorita.

Uma amiga disse uma vez que quando o coração gosta, não importa se a outra pessoa escreve usando x e repetindo vogal. E , de fato, essa é uma verdade importante sobre a paixão.

As vezes, o abismo que separa os apaixonados é tão grande, que pode parecer sem sentido compartilhar aquela música favorita, porque afinal, o outro nem faz ideia de onde vem o som que você curte.
Não dá pra falar da sua religião, nem do seu livro de cabeceira. 

São seres deliciosamente opostos.

Mas a apaixonada dá um jeito de pegar um atalho no meio dessa distância e se vira pra encurtar o caminho.
Grava numa pen drive as suas músicas e entrega sutilmente pro moço, mas até balança a cabeça com o house que toca no carro dele.
Passa na vitrine da loja e já se supõe comprando um tênis bonito pra jogar fora o sapatênis (eu cismo com sapatênis) irritantemente “lindo” que ele usa. 
A mulher apaixonada não se entende, martela a cabeça perguntando o porquê de ser aquela pessoa tão diferente, tão sem sintonia. Por que alguém de Marte?

Porque você é de Vênus.

A mitologia diz que o deus Marte tem o amor da deusa Vênus e dessa relação nasce o filho Cupido...e o resto, a história conta. O que não se conta (e eu decidi inventar) é que o filho desse casalzinho aí,  foi ficando míope ao longo das eras e saiu flechando os corpos mais aleatoriamente estranhos nesse mundão.
Porque não é possível que a gente tenha esse gosto tão duvidoso quando se apaixona.

Taí, acho que é isso mesmo.  
A grande verdade sobre a paixão é quase um diagnóstico médico.

O cupido é vesgo.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Era uma vez





Queria te dizer que no início eu fiquei preocupada com a temperatura. 
Tava gelado demais, cor azul-necrotério.
Parecia qualquer coisa sem vida, sem força. E eu bati, injetei adrenalina e nada do coração bater de novo.
Fiquei pensando se não era culpa das lascas que a gente tinha arrancado dele com precisão cirúrgica, nos últimos tempos.
Pensei no dia em que descobri que meu primeiro amor tinha arrancado uma florzinha do jardim lá da escola e dado a outra menina, no dia que meus pais se separaram e no dia que eu achei revista de mulher pelada na tua pasta de couro.
Pensei se não era porque tinha chegado a hora de parar de pulsar mesmo, se não era dos anos, se de repente não era isso mesmo, do coração parar de acelerar. Mas de tanto pensar, eu vi que não era nada disso.

Era só a tua parte nele que tinha infartado.

Por isso eu vim te dizer que a tua primeira prateleira está vazia, porque, se já não cabemos mais um no sonho do outro, a minha roupa não pode caber no teu armário, aliás, sempre quis te dizer que esse espaço que você separou pra mim era ridículo. Na vida, no roupeiro e no coração.
Na geladeira tem a cerveja toda daquele engradado, geladinha. 
Sim, porque eu também vim dizer que não vai ter mais eu vestindo tuas camisetas e arrastando minhas meias 3/4 até a cozinha, depois da aposta que eu sempre perco, tendo que trazer tua bebida.
Vim te dizer que eu cansei desse amor intercalado com ódio. 
E eu tô tentando alimentar raiva tua do início da playlist, só até chegar o Tom, com Chega de Saudade, te perdoando toda vez, com Samba da Volta no repeat.
A gente não se reconhece mais, e eu não atendo ligações, não aceito doces, nem divido histórias com estranhos.
Então, como naquele dia que você não teve coragem de me proteger do cara que meteu a mão na minha coxa, tendo euzinha que meter a minha mão na cara dele, eu tô aqui de novo. 
Fazendo o serviço sujo de encerrar esse nosso...não sei o nome.
Bom, quero avisar que só tô levando o que eu trouxe. Roupas, vaso com flor, alegria e vida.
Mas tem cerveja na geladeira e a internet tá paga.

Divirta-se campeão!

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

No fim a gente morre.





Não consigo ver culpa em uma coisa só. Acho que foi tudo.
Foi um pouco de guerra entre os continentes. Foi o último bombom da tua caixa que eu roubei. Foi o troco a menos que me deram. Foi o troco a mais que alguém consentiu. Foi aquela verba que desviaram. Foi o tapa na cara. 
Aquela câmara de gás. O estupro. O abuso.
Foi aquele ônibus incendiado.
A sacola pesada no braço, que geral fez que não viu.  A mulher grávida em pé no ônibus. A mensagem no celular. A enrolação. A maldade.
Foi por tudo isso, talvez, que a gente desaprendeu a crer.
Foi aí no meio desse caminho escuro que a gente perdeu a hora do encontro lindo com a gentileza. 
A confiança no amor.

E isso virou um ciclo.

A gente caiu numa errada e agora é cada um por si e Deus...bom, tem que ter muita coragem pra acreditar nele também. 
Porque parece que ficou tão longe o céu da terra, que do nosso teto as preces não passam mais.
É como se uma nuvem espessa cobrisse tudo, todos, a ponto da graça não alcançar mais a gente. 
As gentes.
E se alguém tenta colorir, com um gestinho que seja, esse mundo cinza, instala-se o espanto.
É  como se houvesse uma mãe gritando alto pra gente não aceitar doce de ninguém.
Eu pequei, errei muito. 
Tentei adoçar uns azedumes, doar minhas mãos, cuidar dos tesouros que me entregaram, mas me disseram que precisavam ir, porque eu levava jeito pra coisa e ninguém é tão bom assim hoje em dia.
Percebendo que eu tinha sede de beber sonhos de canudinho pra engolir realizações, só me contaram pesadelos, pra que assim eu caísse na real. No mundo real.

Algumas pessoas teimam todos os dias em entregar seus corações, em doar a parte mais bonita de si.
Uma teimosia infantil que têm partido almas, porque em contrapartida, outras almas não são evoluídas o suficiente para digerir doçuras.
Se assustaram quando  eu pedi pra acreditarem que a vida é boa, e isso, já cantado com beleza pelos Novos Baianos, nunca fez tanto sentido.
Já perdemos o controle, mudamos o ditado pro mal sempre vencer.

Ser ruim, engrossar, estupidar, ta na moda. E quem não tem o poder de transformar o coração em pedra barata, fica aí pelos cantos lamentando as pérolas que já viraram colares nos pescoços dos porcos.

E assim a gente vai, devagarinho, sofrendo um tanto, depois um pouco menos, secando uma lágrima aqui, outra ali, até que tudo fique seco como um deserto e a gente possa viver em guerra, alcançando enfim, nosso objetivo que é o fim.


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Riso




Eu não te conheço bem, mas de te olhar assim de lado, já deu pra sacar que você é daquelas pessoas simples.
Simples, não rasas.
Eu acredito, por exemplo, que você não é de ficar me olhando assim de lado imaginando se eu sou simples, funda ou rasa.
Você é fácil. Até quando é difícil.

Você não deve nem imaginar que quando eu te vejo, eu fico querendo um bloquinho pra escrever todas as frases de efeito que meu coração compõe. Daria música.
Mas aí você vai e eu esqueço de todas elas, porque não fica nada na mente quando você não fica.

Você é mais uma das pessoas que não tem nada em comum comigo.
A diferença é que, você, é a mais estranha delas.
E eu aprendi contigo a te adjetivar assim por que você vive se auto-intitulando grosseiro, bicho-do-mato, enquanto eu fico ali calada, sem discordar, só porque acho lindo o jeito de você se denegrir.

Depois, eu que não perco a mania de alimentar teorias da conspiração, fico pensando se você não quer me convencer que é suficientemente ruim, pra eu não me envolver nadinha. Mas hoje de manhã com a cabeça fria e com teu bom dia colorido, eu já achei que não é nada disso.

Você não pensa em nada.

Nem em teorias, nem em envolver, enquanto eu, penso até na morte da bezerra.

Me acordar com mensagens sem jeito, depois chegar lá em casa me afogando em beijos apaixonados.
Um apego meio desapegado.

E eu nunca sei onde guardo as mãos quando a gente passa na rua. Se eu procuro um copo pra ocupá-las, você me olha torto e diz pra eu segurar direito a tua.
E eu fico rindo da tua cara, sem saber nada, porque você tem um jeito lindo de não me deixar saber.

Tem um jeito desastrado de procurar com cuidado palavras pra explicar o que acha da minha história e antes mesmo de concluir o pensamento, olha a hora no telefone, quem passa na rua.
Sem cuidado, bate em mim como se eu fosse qualquer menino amigo seu.
Depois me mata, de pouquinho em pouquinho, com teu riso.  É como se fossem golpes nocauteando o coração.
Teu riso, não sorriso, me finaliza, se junta com o meu numa confluência que a gente já sabe onde termina.

E das outras coisas, eu não sei qual gosto mais.
Se é o jeito inquieto dos teus dedos entre os meus, enquanto me escuta.
Se é teu tom de voz despreocupado. A voz que foge arrastada.
Que me arrasta pro fundo do peito, lá onde a gente guarda pensamento e lembrança boa.

Eu ia perguntar se você podia ficar mais, mas você sempre responde com outra pergunta e eu não to preparada pra pergunta errada.
Você vai me dar um  “ ficar mais o quê?”, enquanto eu queria um “ ficar onde?”.
Aí eu vou treplicar puta da cara com um “ficar mais chato”, enquanto queria gritar um “ficar aqui.”



sábado, 26 de janeiro de 2013

Paixão em HD.


Ele queria me ver sorrir. E tudo que eu queria era ver o jornal.

Ele queria o gosto, o jeito, o tom que tem tudo que tem amor.
E eu queria nada.
No máximo, a janela bem fechada pra dormir .

Ele me queria tanto, mais com tanta força, que se perdia entre o querer. Perdia o fim daquela vontade. Me balançava com coisas tão novas e bonitas, pra ele. E eu só balançava com aquela bagunça dele. Só mexia, como um João Bobo sem vida.

E ele tinha tanta vida.

Tinha todo o gás que tem aquelas paixões irritantemente fortes.
Que tem força pra ter ciúme, pra brigar horas no telefone, pra trocar sonhos e mensagens o dia todo.
E eu morna ali.

Mas Ele sempre conseguia me arrancar um sorriso ou outro.
Um sorrisinho sem força, mas com um pouquinho de graça. E de repente eu estava aos berros, pedindo pra ele parar de me morder, de beijar minha barriga, porque ali era meu ponto fraco.
E ele não parava claro, e eu me cansava gostoso.


E de repente eu começava a respirar.
Como se alguém soprasse fôlego nos meus pulmões. E eu amava e tinha vontade de gostar.
De recomeçar, de novo, tudo outra vez, novamente. Assim mesmo, num completo pleonasmo.

E éramos de mundos diferentes. Ele do calor, eu do frio.
Pólos opostamente apaixonados.

Ele era tão previsível pra mim que apesar do meu mundo distante, eu sabia exatamente o que ele ia dizer. Talvez não fosse essa de ser previsível, talvez fossem nossas frequências, sonando juntas. Aí ficava fácil de descobrir o que pensávamos, só de olhar e se afinar no riso.

E ele era vida em HD. Sem filme preto e branco. Sem cinema dentro do carro. Pura década de 90.

Era intenso o poder de resgatar em mim aquela vontade infantil de amar na rua, na chuva, na fazenda. De me sentir bonita, feito adolescente usando roupa nova. De me sentir menina e não mulher.

Porque às vezes tudo que a gente quer é esquecer as contas pra pagar, que segunda cedo tem e que a idade tá chegando.

Às vezes, tudo que a gente quer é ter alguém só pra dividir o kit kat.