Eu queria tentar falar algo inteligente sobre a paixão das mulheres.
Essa coisa meio física, meio ilógica, essa natureza intensa
de se doer ou se doar por quem nada tem nem a ver com a gente, nem com nossos delírios
mais pessoais e muitas vezes, nada pra dar em troca.
Já procurei entender essa mania cansativa que é gostar de alguém e quase desisti porque a gente percebe que cada tentativa de compreensão é
frustrada pelas milhões de maneiras da gente se descobrir apaixonada.
Objetos de desejo, são em regra, tão opostos, quanto samba e
rock.
As vezes eu penso que é o beijo que manda a mensagem pro
coração apaixonar, noutras o sapato, a roupa, outras ainda, o jeito de sorrir.
Mas em outros momentos eu percebo tanta confusão causada
pelo safado do coração que fico sem resposta, afinal a gente vive se traindo quando
se imagina no altar com o moço que usa sapatênis, quando sonha dois filhos com
o menino que não sabe beijar e planeja envelhecer ao lado do carinha que não
conhece sua banda favorita.
Uma amiga disse uma vez que quando o coração gosta, não
importa se a outra pessoa escreve usando x e repetindo vogal. E , de fato, essa
é uma verdade importante sobre a paixão.
As vezes, o abismo que separa os apaixonados é tão grande,
que pode parecer sem sentido compartilhar aquela música favorita, porque
afinal, o outro nem faz ideia de onde vem o som que você curte.
Não dá pra falar da sua religião, nem do seu livro de cabeceira.
São seres deliciosamente opostos.
Mas a apaixonada dá um jeito de pegar um atalho no meio dessa
distância e se vira pra encurtar o caminho.
Grava numa pen drive as suas músicas e entrega sutilmente pro moço, mas até balança
a cabeça com o house que toca no carro dele.
Passa na vitrine da loja e já se supõe comprando um tênis
bonito pra jogar fora o sapatênis (eu cismo com sapatênis) irritantemente “lindo” que ele usa.
A mulher apaixonada não se entende, martela a cabeça perguntando o porquê
de ser aquela pessoa tão diferente, tão sem sintonia. Por que alguém de
Marte?
Porque você é de Vênus.
A mitologia diz que o deus Marte
tem o amor da deusa Vênus e dessa relação nasce o filho Cupido...e o resto, a
história conta. O que não se conta (e eu decidi inventar) é que o filho desse casalzinho aí, foi
ficando míope ao longo das eras e saiu flechando os corpos mais aleatoriamente
estranhos nesse mundão.
Porque não é possível que a gente tenha esse gosto tão duvidoso quando se apaixona.
Taí, acho que é isso mesmo.
A grande verdade sobre a paixão é quase um
diagnóstico médico.
O cupido é vesgo.
Pode ser verdade mesmo querida!
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