segunda-feira, 18 de março de 2013

Sobre Vênus e Marte





Eu queria tentar falar algo inteligente sobre a paixão das mulheres.

Essa coisa meio física, meio ilógica, essa natureza intensa de se doer ou se doar por quem nada tem nem a ver com a gente, nem com nossos delírios mais pessoais e muitas vezes, nada pra dar em troca.
Já procurei entender essa mania cansativa que é gostar de alguém e quase desisti porque a gente percebe que cada tentativa de compreensão é frustrada pelas milhões de maneiras da gente se descobrir apaixonada.

Objetos de desejo, são em regra, tão opostos, quanto samba e rock.

As vezes eu penso que é o beijo que manda a mensagem pro coração apaixonar, noutras o sapato, a roupa, outras ainda, o jeito de sorrir.
Mas em outros momentos eu percebo tanta confusão causada pelo safado do coração que fico sem resposta, afinal a gente vive se traindo quando se imagina no altar com o moço que usa sapatênis, quando sonha dois filhos com o menino que não sabe beijar e planeja envelhecer ao lado do carinha que não conhece sua banda favorita.

Uma amiga disse uma vez que quando o coração gosta, não importa se a outra pessoa escreve usando x e repetindo vogal. E , de fato, essa é uma verdade importante sobre a paixão.

As vezes, o abismo que separa os apaixonados é tão grande, que pode parecer sem sentido compartilhar aquela música favorita, porque afinal, o outro nem faz ideia de onde vem o som que você curte.
Não dá pra falar da sua religião, nem do seu livro de cabeceira. 

São seres deliciosamente opostos.

Mas a apaixonada dá um jeito de pegar um atalho no meio dessa distância e se vira pra encurtar o caminho.
Grava numa pen drive as suas músicas e entrega sutilmente pro moço, mas até balança a cabeça com o house que toca no carro dele.
Passa na vitrine da loja e já se supõe comprando um tênis bonito pra jogar fora o sapatênis (eu cismo com sapatênis) irritantemente “lindo” que ele usa. 
A mulher apaixonada não se entende, martela a cabeça perguntando o porquê de ser aquela pessoa tão diferente, tão sem sintonia. Por que alguém de Marte?

Porque você é de Vênus.

A mitologia diz que o deus Marte tem o amor da deusa Vênus e dessa relação nasce o filho Cupido...e o resto, a história conta. O que não se conta (e eu decidi inventar) é que o filho desse casalzinho aí,  foi ficando míope ao longo das eras e saiu flechando os corpos mais aleatoriamente estranhos nesse mundão.
Porque não é possível que a gente tenha esse gosto tão duvidoso quando se apaixona.

Taí, acho que é isso mesmo.  
A grande verdade sobre a paixão é quase um diagnóstico médico.

O cupido é vesgo.

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