quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Relativizando distâncias




Tem o Sol.
Este que é um só, e por dar conta do recado, acha que o(s) mundo(s) gira(m) em torno do seu umbigo.
- E giram, Sol.
Eu estava olhando pra Ele hoje de manhã enquanto alguém, sei lá, no Uzbequistão, olhava também.
O sol que me queimou, aqueceu bem mais além, o corpo de alguém.
O sol que acordou aqui, foi dormir pras bandas de lá.
No outro dia chegou apressado antes do leite de alguém atrasado, esquentar. Foi embora de surpresa, antes do leito esfriar.
E assim estamos nós. Atados por esses nós de vida que há em tudo, em todos, embaixo do Sol.

O vento. Este que se espalha confortável em todos os lugares, inclusive, naqueles em que o sol não brilha.
O vento que soprou trouxe pó da rua de trás, depois voltou levando na brisa o meu perfume até alguém, que sentiu e se perguntou da onde conhecia aquele cheiro familiar.

Hoje, quantos casais fizeram amor ao mesmo tempo?
Quantos suspiros de tristeza e choros de agonia coincidiram dolorosamente?
Hoje, de quantas formas nos conectamos?
E assim, ao longo do dia fomos nos ligando, alcançando, como se alguns de nós dormissem na mesma cama e acordassem juntos pra preparar o café.
Enquanto uns jantavam, outros colocavam o despertador pra mais 5 minutos. E no fim ninguém estava só
debaixo do mesmo céu.
Hoje eu continuei a viver o que já passou por alguém e deixei um pouco de mim, pra quem vem.
Nós não temos ideia de quantas saudades nós matamos, hoje. Foi um massacre.

E assim, ainda que longes um do outro, seguimos juntos procurando nas ausências um calor de sol, um sopro de vento, uma sincronia de sentimentos.
Só pra ver se esquenta.
Pra ver se lembra.
Pra gente se ver.

Kamila V.

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