quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Tendo a Lua.

















Eu hoje joguei tanta coisa fora
Eu vi o meu passado passar por mim...
Cartas e fotografias gente que foi embora.
A casa fica bem melhor assim.


O céu de ícaro tem mais poesia que o de galileu
E lendo teus bilhetes, eu penso no que fiz...
Querendo ver o mais distante e sem saber voar, desprezando as asas que você me deu.
Tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua, merecia a visita não de militares,
Mas de bailarinos... e de você e eu.


(Paralamas do Sucesso)

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Deja'vu


Daqui do meu lugar eu vejo a cidade acordando cansada.
As crianças brincam com a fumacinha que sai da boca.
Fingem fumar.
Os adultos correm contra o relógio à favor do atraso.
Fingem viver.
As mulheres carregam bolsas, filhos e a desventura de mais um dia com dois expedientes.
Os homens mastigam uma bobagem qualquer pra enganar o estômago.
Devoram uma certeza qualquer pra enganar o coração.
Todos se arrastam, todos cochilam de pé. Todos apenas sobrevivem.
Os vidros fechados nos sinais. Os sinais fechados pro tumulto.
Os olhos fechados pra tudo.
A cabeça recostada no vidro do ônibus, a mochila pesada nas costas.
É só mais um dia vadio.
O telefone não toca, a música não toca, todos te tocam, te espremem, mas não tiram virtude alguma.
Não te percebem.
É só mais um dia vazio.
Na contagem de um preso, um a menos.
Na contagem de um idoso, um a mais.
Na minha contagem, apenas um.
Mais um dos mesmos.

Kamila V.

( Post do antigo blog: http://kamilavalente.blogspot.com/2008/09/deja-vu.html )

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Essência.


Antes de começar, quero deixar bem claro que não gosto de discutir sobre ideais, crenças ou qualquer coisa que mexa fundo com seus conceitos, ainda que sejam eles tão profundos quanto um pires.
Aqui eu apenas exponho minha opinião sobre o que tenho vontade, e como já disse em textos anteriores, minhas verdades podem não significar quase nada pra você.

Vou parar de me explicar.

Dia desses no facebook, eu acessei o perfil de um informativo que trata sobre os eventos que ocorrem nas igrejas evangélicas em Florianópolis. Achei muito válida a idéia de integração através da comunicação de shows, palestras e afins.
Porque por essas bandas de cá, o povo não se mistura mesmo. Uns porque não cortam o cabelo, outros porque pedem dinheiro, outros porque escondem dinheiro na bíblia...enfim, todos se esquecem de olhar pro foco, que neste caso, seria o mesmo Deus.
Entre os anúncios, teve um que me chamou muita atenção. Um apenas.
Ali dizia que tratava-se de uma " balada gospel" e que as mulheres tinham "entrada Free" até meia-noite.

Vamos lá:
Em primeiro lugar, o nome "balada" me dói os ouvidos.
Em segundo, confesso que tenho ido pouco a igreja, mas não o suficiente para não entender mais nada.
A idéia de mulheres não pagarem na "balada", até onde eu sei, é pra encher o lugar de mulher e consequentemente de homem. E o resto todo mundo, cristão ou não, já sabe.
Por favor, eu odeio moralismos, a questão a que me refiro, é bem outra.
Eu não entendo essa revolução tola que insistem em promover
Tudo tem que ser com impacto!
Nós vamos impactar o mundo!
Nós somos a geração escolhida para causar!

Quanta bobagem...
Chega de querer impactar, chega desse peso de geração escolhida.
A pessoa que decide hoje ir a uma igreja, deve necessariamente passar por um processo aceleradamente louco de espiritualização para poder digerir tanta responsabilidade.
O melhor de Deus não está por vir...está tudo aqui.
O melhor é isso mesmo, a vida, o ar, o mar.

Eu, sinceramente, não sei como impactar o mundo.
Tudo que sei fazer, é escrever uma palavrinha ou outra, cantarolar uma música gostosa, ceder o lugar no ônibus, dar bom dia, dizer obrigada, orar baixinho no meu quarto.

Eu, sinceramente,não quero impactar o mundo.
Não quero perder a essência por qualquer variável.
A conteporaneidade me incomoda, principalmente quando se trata de uma coisa que nunca mudou, nem nunca mudará.
Deus.
Kamila V.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Olhos de Capitú.



Ela acordou e pôs o pé no chão gelado.
Os chinelos não acordaram do lado da cama e as meias mais uma vez se perderam entre os edredons.
O jeito era ir até o tapete na ponta dos pés.
O tapete fica na frente dele e ela não quer se olhar.
Ela nunca gostou de espelhos, e quando menor, preferia os 7 anos de azar à deixar um inteiro.
Quando tormentava forte, ela usava a velha desculpa de que atraíam raios, só para cobrí-los com panos.
Evitava o quanto podia passar em frente.
Passava o lápis no olho e colocava os brincos com precisão, sem se enxergar.
Adaptou sua vida pra não precisar de um sequer.
Mas o que temia tanto? Que medo era esse que atrapalhava tanto, causava tanto e resultava em nada?
Fingia pra todos não ter respostas, ainda que as soubesse de cor.
Na ocasião das perguntas, o silêncio consentia, porque a idéia de olhar no olho assustava.
O fato de olhar pra realidade enquadrada que ela teria se tornado, a incomodava, pinicava a pele.
Então ela vivia de fugas, olhares baixos, mãos no rosto.
Sem se ver, sem tentar refletir ou aparecer, sem olhar nos próprios olhos.

Ela viveu a vida inteira assim, sem se saber.
Sem ver o quão maravilhosa mulher tinha crescido naquele corpo e o quanto aquele batom vermelho lhe caía bem.
Sem admirar aqueles que reduziam os de Capitu à insignificância...

Seguia ela, pagando pra não ver.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Feliz dia do amigo.



Oi meu pequeno príncipe...

Exupéry dizia algo muito lindo, que por capricho do nosso povo tosco, tornou-se um clichezão, mas eu me permito utilizar as palavras ditas por ele, porque elas traduzem na essência o que eu quero te dizer.

Ele dizia, que nos tornamos eternamente responsável por aquilo que cativamos, e além disso, o que ninguém fala, talvez porque não seja tão romântico, que às vezes corremos o risco de chorar quando nos deixamos cativar.

E esses dias eu pensei em ti, na Gê, na Fabi, (eu também tenho as minhas meninas...) e senti uma imensa vontade chorar. Uma nostalgia doída, doida.
Senti uma vontade de ligar e dizer que eu amo vocês de todo o meu coração, com todas as minhas forças. Senti uma imensa vontade de colar o meu rosto em vocês, assim como eu fazia contigo no estágio, com a gê na cama deitada, com a Fabi na sala de aula.

Senti vontade de escrever uma faixa enorme e fixar na frente da janela de cada um de vocês. Dizendo ali o quanto vocês são preciosos pra mim, o quanto vocês me cativaram e vez ou outra me fazem chorar por conta disso.

Ainda bem que foi uma vontade contida não é mesmo? Ainda bem que fechei os olhos e contei até 10, esperando a vontade passar. Pois tenho certeza que não irias apoiar meu acesso de loucura, ainda que fosse uma loucura de amor, por favor, sem qualquer alusão ao quadro de gosto duvidoso desses programas dominicais.

Enfim, hoje você provocou mais um nózinho na minha garganta quando me colocou no seleto rol das "tuas meninas".
Fazer parte da tua história é, pra mim, ímpar.

Obrigada por tudo, petit.





Texto dedicado à Thiago Dutra Mateus.

segunda-feira, 14 de junho de 2010


'' - A televisão, amigo Daniel, é o anticristo, e eu digo que bastarão três ou quatro gerações para as pessoas não saberem mais nem peidar por conta própria e para o ser humano volta à caverna, à barbárie medieval, a estados de imbecilidade que a lesma já superou por volta do Pleistoceno. Este mundo não vai acabar por causa da bomba atômica, como dizem os jornais, vai acabar, sim, de tanta risada, de tanta banalidade, por essa mania de se fazer piada com tudo e além do mais piadas ruins."


De "A sombra do Vento", Carlos Ruiz Zafón.
A fala é do personagem Fermín Romero Torres, um mendigo das ruas de Barcelona nos tempos pós-guerra. Concordo com Romero, o mendigo, se é que ele existiu e falou isso.
Se não, rendo meus elogios à criatividade de Zafón...que em simples palavras descreveu para onde estamos caminhando.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Olá!

Vou postar aqui uma sequência dos meus textos antigos, aqueles que estavam no kamilavalente.blogspot.com , pois tem muita coisa legal (eu acho pelo menos...) e como perdi todos os dados de lá (senha e afins...) não tive mais como postar.
Criei então O gosto da letra, pra celebrar minha nova vida e pra continuar com minha paixão.
Escrever, escrever...

Mas confesso que sofri.