terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Romantizando.


E não importava nada.
Nem que eu jogasse meus cabelos de um lado para outro, pusesse aquele perfume que me rendia alguns elogios ou cuidasse com o português.
Ele não enxergava nada além do mundo cru e real que abrigava aquela sala.

Tudo que eu via era paixão.
Saltava paixão pelos olhos, pela boca vermelha.
Saía paixão da piada que contava quando encostou a cabeça no travesseiro.
Saía paixão do sopro que secava minha mão suada.
Saía paixão com sotaque.
No jeito de segurar o talher, na sugestão despretensiosa do filme, na maneira como se despediu com sono, naquela mensagem que me chegou , um tanto assim noturna e com cheiro de bebedeira, na forma como discutiu comigo sobre sua fé, ou a ausência dela.
Isso sem falar de quando respirava, quando piscava e engolia a saliva. Era tudo paixão.
Paixão que refletia apenas no meu olho míope, claro...

A minha mente romantizava até o jeito dele sobreviver.

Nem quando eu te perguntei o preço de ficar pra sempre, e você me deu alguns muitos dígitos, eu consegui enxergar outra coisa além dessa paixão que lacerou meu coração desde que você acenou aquele copo vazio na mão, desde que preparou aquela bebida pra mim.
E não me pergunte o que eu fico pensando...

Não queira me descobrir, vai que você se encontra em mim?
Vai que não se sabe mais onde começa você, onde termino eu?


Kamila V.

Um comentário:

  1. fabuloso!

    só a parte da fé que discordo pq ele tb deve ter fé! todo mundo tem!

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