Aí que ninguém parou pra pensar,
ou até pararam mas não falaram, porque afinal, pessoas normais seguram suas palpitações,
sua língua, dedos. Nessa vida meu amigo, se você não consegue nem segurar seus membros e
pensamentos, você não é um ser humano confiável, e, se alguém tem que fazer o
serviço sujo, que seja eu, que já deitei na cama.
Eu decidi procurar uma resposta
sobre porque, da onde e pra quem vinha o amor.
Vinha do verbo vir. Chegar.
Aí que
eu decidi tentar saber se tinha alguma regra, mandinga, probabilidade ou estatística
que desse alguma direção, um indício sequer, sobre o que faria o amor pousar na
sua casa, de mala e cuia.
Eu não tinha método, não tinha
dinheiro e muito menos o objeto da pesquisa no coração. Mas tinha uma cabeça inquieta que
me tirava do sério. Brinquei de pirar e vesti a loucura dele. Sim, do amor.
O óbvio é que ele viesse pra quem
o cultivasse religiosamente, mas eu vi tanta gente linda morrer de sequidão, que desconfiei da bondade do amor.
O amor não é bobo e me parece que não é pros tais. A exceção, por sua vez, me
dizia que ele era propriedade dos distraídos, dos que tropeçavam nas
delicadezas e atropelavam gentilezas sem sentir dor. Mas ele também escorregava
na grosseria e falta de sensibilidade. Logo, nos despreparados, ele também não
podia morar.
Será que os peitos vazios corriam
livres por aí e esbarravam no seu encaixe ou será que era uma atração magnética entre o espaço do coração e seu recheio sob medida?
A gente não sabe como o amor
chega, nem como e porque ele vai (e é nessa hora que aparecem os chatos do amor
eterno...). Amor vai minha gente, amor
vai e nunca mais volta. Eu já vi amor indo, e pior ainda, amor que foi e voltou
só pra buscar aquela última peça de roupa que esqueceu no armário. Só pra
pisar.
Acho que a gente só se sabe no
meio da coisa. Quando já está ali, deitado, se olhando e agradecendo por
tamanha vida. Esse meio não explica porque justifica o fim, nem é, tampouco,
resultado do começo. Acho que amor é o meio. Já que a gente nunca soube onde
que se começou, onde que se terminou.
Talvez do pó veio e ao pó voltará.
Não, não. Se assim fosse, o amor seria carne e bem sabemos que não o é. O amor é divino e como qualquer divindade, se
acredita por fé. Projeta-se afim de que se materialize. Assim como se criam imagens para adorar os que
foram considerados santos, a gente canoniza coisas e pessoas pra ter alguma
razão.
Os céticos não amam portanto? Sei
lá, não sei do amor tendo fé, que dirá, se perdê-la.
No fim das contas acho que o amor
é esse nunca saber e enlouquecer buscando, mas né...
Que bom se o amor fosse você.