Todos os dias quando eu paro para atravessar a rua da universidade, um carro igual ao teu passa.
Todas as 400 músicas da minha playlist, desobedecem o comando mais aleatório que possa ter o aparelho e toca sempre o nosso som primeiro.
Nas duas vezes semanais que visito minha agência bancária, eu pego a senha que começa ou termina com o nosso aniversário.
Eu assino documentos com teu nome, como nunca antes.
Ganho amostra grátis do teu perfume.
Anoto telefones que só diferem do teu, no último dígito.
Brinco com cachorros, que têm o nome do teu.
Escuto tuas gírias no bar, na mesa ao lado.
Na loja, a moça me oferece tua camisa.
É você, na pizza que vem equivocadamente sem cebola.
É você, no cara que arrasta o pé quando caminha a minha frente.
É você na tv. No vulto. Na mente. No peito. Martelando.
E no fundo, eu fico sem saber se é a vontade que fica te projetando em tudo que é canto, ou se é o destino te trazendo aos muitos.
Se é saudade, em toda sua malandragem, querendo se curar ou só uma sequência quilométrica de acasos bobos que eu inventei pra acelerar os dias que se arrastam.
Sei lá o que é. De repente é tudo isso, menos você aqui.